SÃO PAULO (Reuters) - A Petrobras vai mudar a sua abordagem de atuação em relação ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), buscando se "defender" e ficar com ativos de refino e gás, em uma estratégia diferente da vista no governo anterior, disse o presidente-executivo da petroleira, Jean Paul Prates, nesta segunda-feira.
SÃO PAULO (Reuters) – A Petrobras vai mudar a sua abordagem de atuação em relação ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), buscando se “defender” e ficar com ativos de refino e gás, em uma estratégia diferente da vista no governo anterior, disse o presidente-executivo da petroleira, Jean Paul Prates, nesta segunda-feira.
“Nós respeitamos as alegações do Cade, mas temos agora que nos defender, tanto no caso dos combustíveis, que nos obrigaram a vender refinarias, a nosso ver indevidamente, sem a defesa à altura que o caso merecia, como na questão do gás”, afirmou ele a jornalistas após evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Prates não deu mais detalhes sobre a estratégia da companhia junto ao Cade, dizendo apenas que vai “argumentar e trabalhar dentro dos canais oficiais normais”.
A Petrobras ainda possui a maior parte dos ativos de refino do Brasil, mesmo já tendo realizado alguns desinvestimentos sob um acordo fechado com o órgão antitruste no governo anterior.
Do plano de desinvestimento de oito refinarias, foram alienadas as unidades de Mataripe, antiga Rlam; Isaac Sabbá; a Unidade de Industrialização do Xisto (SIX); e Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor).
As tentativas de venda foram frustradas em relação à Regap, em Minas Gerais; Repar, no Paraná; Refap, no Rio Grande do Sul; e Rnest, em Pernambuco.
A Petrobras já concluiu a venda de grandes redes de gasodutos, como a NTS e o TAG. Mas ainda há a fatia na TBG, operadora do gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol).
Prates disse que vai “averiguar no Cade” como fica este processo da TBG.
A Petrobras assinou em governo anterior um Termo de Compromisso de Cessação (TCC) com o Cade que previa a saída da estatal dos ativos de distribuição e transporte de gás natural.
BOLÍVIA
O CEO da Petrobras comentou ainda que a empresa vai explorar “fronteiras” com a estatal boliviana YPFB.
“(A Bolívia) é um produtor de gás importante na região, me parece que padece de certa crise de recuperação da produção e de novas reservas, vamos buscá-los… Não é difícil, tendo um agente só do outro lado, a gente conversar e ver como a gente pode trabalhar juntos”.
Ele não deu detalhes a jornalistas sobre suas intenções em relação à Bolívia, após as relações com o país vizinho terem perdido intensidade no governo anterior.
Mais cedo, em fala no evento da Fiesp, Prates destacou a importância da “reabertura” dessa frente com a Bolívia, uma vez que o gás importado do país vizinho é mais barato do que as compras de gás natural liquefeito (GNL).
Prates disse ainda nesta segunda-feira que a Petrobras vai trabalhar junto com governo e outros agentes para desenvolver o mercado de gás natural brasileiro, o que permitirá também otimizar a oferta do produto pela Petrobras.
A estatal ainda segue como agente dominante na oferta nacional de gás, apesar dos avanços de desconcentração feitos no âmbito do Cade.
No mês passado, o governo anunciou a criação de um grupo de trabalho para estudar o papel do gás natural na reindustrialização do Brasil. Uma das propostas é utilizar a estatal do pré-sal PPSA no incremento da oferta de gás.
“Vamos participar de tantos quantos grupos de trabalho forem necessários, com governo, agentes, lideranças empresariais e da sociedade para viabilizar a otimização do gás natural que a Petrobras produz”, afirmou Prates.
Ele ressaltou ainda que os elevados níveis de reinjeção do gás pela Petrobras decorrem, em parte, de necessidades próprias da produção de óleo, e não por falta de mercado e de infraestrutura.
“A infraestrutura (para aproveitamento do gás) vem a partir do momento em que os contratos de compra (de gás) aparecem. É um pouco (o dilema de) ovo e galinha… Mas é uma situação de impasse que toda indústria de gás no mundo vive”.
(Por Letícia Fucuchima)
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