LONDRES (Reuters) - Uma recuperação mundial desigual da crise da Covid-19 tornará a recalibragem do estímulo fiscal e monetário um desafio "complicado" para as autoridades, disse o relatório anual do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) nesta terça-feira.
LONDRES (Reuters) – Uma recuperação mundial desigual da crise da Covid-19 tornará a recalibragem do estímulo fiscal e monetário um desafio “complicado” para as autoridades, disse o relatório anual do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) nesta terça-feira.
Apelidado de banco central dos bancos centrais do mundo, o BIS, com sede na Suíça, disse que seu cenário principal é de uma recuperação mundial sólida, embora com velocidades diferentes entre os países.
O banco definiu dois cenários alternativos. Um onde um grande estímulo fiscal e a redução da poupança acumulada resultam em um crescimento mais forte, mas também em uma inflação maior e um aperto substancial nas condições financeiras mundiais. No outro, o crescimento decepciona, pois o vírus se mostra mais difícil de ser controlado.
“Embora a recuperação esteja em andamento e o cenário central seja relativamente benigno, ainda não estamos fora de perigo”, disse o chefe do BIS, Agustín Carstens.
A recuperação desigual pode deixar os países emergentes em grandes dificuldades, especialmente no cenário de inflação mais alta, em que grandes bancos centrais, como o Federal Reserve dos Estados Unidos, começam a procurar aumentar as taxas de juros.
Carstens, que chefiou o banco central do México antes de ingressar no BIS, disse ser saudável que alguns mercados emergentes já estejam elevando os juros em resposta ao aumento da inflação, mas ressaltou esperar que as economias mais avançadas aguardem.
“Não seria apropriado apertar a política monetária hoje apenas para reduzir a inflação medida e sacrificar a recuperação da economia”, disse Carstens à Reuters. “Isso é algo que os (grandes) bancos centrais gostariam de fazer hoje? Acho que não.”
Em vez disso, ele prevê mais períodos de “ruídos” para os mercados financeiros após a volatilidade nos preços de títulos e ações entre janeiro e março, quando os programas de vacinação levaram os investidores a tentar antecipar uma redução gradual do apoio do Fed.
“O principal desafio (para o resto do ano) é como coordenar as expectativas do mercado com a condução da política monetária”, disse Carstens. “Acho que um dos soluços que vimos nos últimos meses foi o mercado indo à frente do Fed.”
A questão principal é se esses fortes aumentos recentes da inflação serão temporários ou mais persistentes. “A partir de hoje, nós do BIS consideramos que provavelmente serão temporários”, disse Carstens, citando os efeitos de base de comparação e dizendo que os gargalos de oferta, que também pressionaram os preços, devem se dissipar.
No longo prazo, muitos desafios estão à frente e normalizar as políticas fiscal e monetária não será fácil. A dívida pública está em um pico pós-Segunda Guerra Mundial. Da mesma forma, os balanços dos bancos centrais raramente atingiram níveis semelhantes, e apenas durante as guerras.
“A recuperação desigual gera desafios complicados para as autoridades”, disse o relatório do BIS.
“A sustentabilidade da dívida pode mudar se as taxas de juros começarem a aumentar, acrescentou Carstens. “Você não quer ser surpreendido.”
O BIS também deu todo seu apoio às moedas digitais dos bancos centrais e intensificou as críticas às criptomoedas como o bitcoin, alertando que são “ativos especulativos, em vez de dinheiro”.
(Por Marc Jones)
A Reuters, o departamento de notícias e media da Thomson Reuters, é o maior fornecedor de notícias multimédia internacional do mundo, chegando a mais de mil milhões de pessoas todos os dias. A Reuters fornece notícias sobre negócios, financeiras, nacionais e internacionais de confiança a profissionais através dos computadores da Thomson Reuters, das organizações de meios de comunicação social mundiais, e diretamente aos consumidores na Reuters.com e através da Reuters TV.