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Ruído fiscal eleva dólar ante real; mercado aguarda Copom

Por :
Reuters
Atualizado: Aug 3, 2021, 14:20 GMT+00:00

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar avançava em relação ao real na manhã desta terça-feira, com os investidores apresentando alguma cautela em meio ao clima político tenso em Brasília, de olho também na reunião de política monetária de dois dias do Banco Central, que começa nesta terça-feira.

Clima tenso em Brasília eleva dólar ante real; mercado aguarda

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar acelerava a alta nesta terça-feira, chegando a superar os 5,25 reais em meio a temores fiscais — impulsionados pela notícia de que o governo quer alterar a dinâmica de pagamento para precatórios –, que compensavam as expectativas de que o Banco Central seja mais agressivo ao elevar a taxa Selic nesta semana.

Às 10:38, o dólar avançava 1,63%, a 5,2498 reais na venda. No pico do dia, a moeda saltou 1,84%, a 5,2603 reais.

Enquanto isso, o dólar futuro de maior liquidez tinha ganho de 1,35%, a 5,267 reais.

Stefany Oliveira, analista da Toro Investimentos, explicou à Reuters que o ambiente doméstico repleto de incertezas é o principal impulso para o movimento desta manhã. “O cenário interno é de incerteza política, e ao, mesmo tempo, o mercado também começa a ficar preocupado com questões fiscais, que voltam para o radar.”

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta terça-feira que o pagamento integral dos precatórios calculados para 2022, da ordem de 90 bilhões de reais, atingiria as despesas federais como um todo, e não só o programa Bolsa Família, e admitiu que o governo já redigiu esboço de Proposta de Emenda à Constitucional (PEC) para instituir uma nova dinâmica de pagamento.

Para Alejandro Ortiz, economista da Guide Investimentos, a impressão que fica é de que essa é uma forma de acomodar medidas populistas do presidente Jair Bolsonaro com a retirada de componentes importantes do teto de gastos: “Isso tende a elevar o risco fiscal e gestão da divida pública”, afirmou.

A notícia sobre os precatórios vem em meio à grande pressão do presidente da República por um novo Bolsa Família mais alto. Ortiz disse à Reuters que “elevar (o valor do auxílio) é a última tentativa de Bolsonaro para manter sua popularidade”.

COPOM EM FOCO

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central dá início nesta terça-feira a seu encontro de dois dias para decidir o novo patamar dos juros básicos, e boa parte dos agentes do mercado aposta numa elevação de 1 ponto percentual. Caso se confirme, essa será a quarta alta consecutiva da taxa Selic e a mais acentuada desde fevereiro de 2003.

A decisão tem potencial para pressionar o dólar contra o real, uma vez que juros mais altos tendem a tornar a moeda brasileira mais atraente para o investidor estrangeiro, mas a conjuntura política e fiscal pode limitar a desvalorização, disse Stefany Oliveira.

Na segunda-feira, a moeda norte-americana spot fechou em queda de 0,84%, a 5,1654 reais na venda.

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