Os preços do ouro caíram para perto de seu nível mais baixo em duas semanas na segunda-feira. Enquanto isso, o dólar se fortalece frente às principais moedas globais.
As expectativas de que o Federal Reserve dos EUA poderá acelerar o ritmo de redução dos estímulos para conter o aumento dos riscos inflacionários derrubaram hoje a cotação do ouro, enquanto o dólar saiu mais forte.
O contrato futuro do ouro caiu 2,28% nesta segunda-feira (22/11), para US$ 1.803,66 por onça. Já o dollar index (índice que mede o desempenho do dólar frente às principais moedas mundiais) subiu 0,55%.
A queda do metal é justificada pelo aumento da pressão em cima do Fed para controlar a inflação. Argumentos em prol da aceleração do aperto monetário tem aparecido cada vez mais nos noticiários.
Um aumento dos juros antes do esperado penalizaria fortemente as cotações do ouro, pois taxas mais altas geralmente se traduzem em um aumento no custo de oportunidade de manter o metal, que não paga juros.
Em outras palavras, a elevação dos juros significaria um aumento do custo de oportunidade, o que levaria investidores a venderem o metal e aplicar em títulos do tesouro.
Os legisladores do Federal Reserve estão debatendo publicamente se retirarão o apoio à economia dos EUA mais rapidamente para lidar com o aumento da inflação.
Na sexta-feira passada (19/11) uma das autoridades mais influentes do banco central sinalizou que a ideia estará na mesa na próxima reunião do Fed.
“Estarei examinando atentamente os dados que obteremos entre agora e a reunião de dezembro, e pode muito bem ser apropriado nessa reunião ter uma discussão sobre como aumentar o ritmo com que estamos reduzindo nosso balanço patrimonial”, disse o vice-presidente do Fed, Richard Clarida.
Ele afirmou ainda que muitos de seus colegas veem riscos mais elevados de uma inflação já alta. “Isso será algo a considerar na próxima reunião”.
As apostas contra o ouro se intensificaram com a manutenção de Jerome Powell no comando do Fed.
Nesta segunda-feira, Biden indicou Powell para um segundo período de quatro anos, com Lael Brainard, integrante da diretoria do Federal Reserve e a outra candidata principal para o cargo, como vice-chair.
A renomeação do atual presidente do Fed é um sinal de estabilidade na política monetária e na manutenção da política em curso.
A instituição vem reduzindo as compras mensais de títulos em 120 bilhões de dólares, os quais vêm sendo injetados mensalmente em compras de ativos financeiros desde o início da pandemia.
A expectativa é que, uma vez que os estímulos estejam zerados, os juros possam voltar a subir em meados do ano que vem.
Tales é Doutor em Economia pela UFRGS. Realiza pesquisas sobre economia institucional, macroeconomia, mercado financeiro, economia brasileira e desenvolvimento econômico, além de trabalhar com cursos de educação financeira.