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Uso de EDS para operar curva de juros dispara em 2023 no Brasil

Por :
Reuters
Publicado: Apr 17, 2023, 12:48 GMT+00:00

Por Fabrício de Castro e André Romani SÃO PAULO, 17 Abr (Reuters) - Em meio às discussões em torno da perspectiva para a taxa básica de juros no Brasil, participantes do mercado financeiro têm ampliado este ano o uso de um produto que permite operar trechos da curva de DIs (Depósitos Interfinanceiros) sem que seja necessário montar várias posições.

Uso de EDS para operar curva de juros dispara em 2023 no Brasil

Por Fabrício de Castro e André Romani

SÃO PAULO, 17 Abr (Reuters) – Em meio às discussões em torno da perspectiva para a taxa básica de juros no Brasil, participantes do mercado financeiro têm ampliado este ano o uso de um produto que permite operar trechos da curva de DIs (Depósitos Interfinanceiros) sem que seja necessário montar várias posições.

Dados mostram que em março de 2023 a B3 registrou uma média diária de negociação de 90 mil contratos de EDS (Exchange Defined Strategies) de DI de 1 dia (DI1). Apenas no dia 28 de março –uma terça-feira, quando o Banco Central divulgou a ata de sua reunião de política monetária mais recente– foram negociados 146,8 mil EDS, um recorde até aquela data.

Em comparação, no ano passado –o produto foi lançado em maio de 2022 pela B3– a média diária havia sido de apenas 2,6 mil contratos.

O sucesso recente dos EDS entre os investidores é atribuído pela B3 à facilidade do produto, que dispensa a montagem de operações isoladas, e ao custo menor.

O produto é uma operação estruturada que funciona como uma espécie de “pacote” de posições, em que o investidor assume uma estratégia na curva a termo sem precisar operar cada um dos vencimentos envolvidos.

“O investidor pode fazer uma estratégia com o DI para janeiro de 2025 contra o janeiro de 2027. Assim, ele pode operar todos os movimentos na curva neste trecho”, disse Felipe Gonçalves, superintendente de produtos de juros e moedas da B3, à Reuters, exemplificando uma operação com EDS.

De acordo com Gonçalves, o uso de EDS –em substituição à montagem de estratégias diretamente nos vencimentos futuros de DI– tem pelo menos duas vantagens.

Em primeiro lugar, o investidor reduz o risco de execução.

“Se você opera individualmente cada vencimento, pode ser que, ao passar para o vencimento seguinte, o preço tenha mudado e não seja mais o que você queria”, explicou Gonçalves.

O segundo benefício está ligado a uma tarifação mais eficiente, que incide sobre a estratégia em geral, e não sobre cada um dos vencimentos. Conforme a B3, a redução de custos nestes casos pode chegar a 90%.

Atualmente, a B3, a bolsa de valores brasileira, oferece estratégias ligadas a três mercados específicos: futuro de DI, futuro de cupom de IPCA (DAP) e FRA de cupom cambial (FRC).

Em função da alta liquidez e da importância no Brasil, o mercado de DI tem puxado as operações com EDS, mas a expectativa da B3 é de que, com o maior entendimento do produto, os investidores também passem a acessar mais as estratégias de DAP e FRC.

Questionado, Gonçalves disse não ver relação do maior uso de EDS e o cenário econômico local ou externo.

Entre os investidores, os fundos têm demonstrado interesse maior em operar DI por meio de EDS, sendo que bancos e investidores estrangeiros atuam como contraparte, dando liquidez, segundo a B3.

“Ainda há uma parte boa do mercado se preparando para entrar. Sabemos que os volumes de EDS estão crescendo, mas isso ainda não é tudo o que o mercado faz de estratégia”, afirmou Gonçalves. Segundo ele, muitos participantes do mercado seguem operando vértice por vértice ao montar estratégias. “Os fundos acabam puxando porque tendem a ser mais rápidos na adaptação”, pontuou.

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