As areias betuminosas é uma importante fonte de petróleo a ser explorada. Mas o método de extração é caro e poluente, além do petróleo ser de baixa qualidade.
Com o preço do petróleo WTI e Brent próximo à US$ 85 o barril e a OPEP+ se recusando a aumentar a produção, as areias petrolíferas do mundo poderiam ser uma alternativa para contornar a crise energética global.
Isso poderia acontecer se não fosse por dois problemas sérios: as areias betuminosas são caras para extrair e muito poluentes para serem consideradas, já que a pressão aumenta para lidar com a mudança climática.
Porém, a Petroteq Energy Inc, uma empresa de alta tecnologia, criou e patenteou uma maneira de extrair petróleo de areias betuminosas com menor impacto ambiental e por um preço médio de US$ 25/barril.
A tecnologia em questão recebeu o nome de CORT, sigla para “Clean Oil Recovery Technology” (Tecnologia de Recuperação de Petróleo Limpo). O objetivo é transformar areias betuminosas bloqueadas em uma fonte viável de petróleo bruto de alta qualidade enquanto mitiga a contaminação do solo.
A o CORT não é uma tecnologia especulativa; já está comprovado e já está instalado e funcionando.
A Petroteq já começou a utilizar sua nova tecnologia em Utah, estado dos EUA, e o sucesso levou a uma oferta pública hostil.
A empresa recebeu uma oferta de aquisição não solicitada da Viston United Swiss AG por um valor de US$ 500 milhões, o que representa um prêmio de quase 280% sobre os preços das ações imediatamente antes da oferta de aquisição.
Desde a oferta de aquisição , as ações da Petroteq tiveram um alto volume de negociação, com os preços das ações quase dobrando.
E tudo está acontecendo em um momento de alta dos preços do petróleo e disparada do interesse dos investidores em soluções limpas para a indústria de combustíveis fósseis.
Com isso, é esperado também que outras companhias de petróleo estejam atentas e se movimentem frente à proposta de aquisição à medida que o setor continua aquecido.
A CORT pode mudar as areias petrolíferas para sempre. Parte da atratividade dessa tecnologia é a sua versatilidade.
Ela pode ser aplicada a depósitos úmidos de petróleo tão facilmente quanto em depósitos úmidos de água.
Em outras palavras, o CORT é usado para extração de areias betuminosas, mas também pode ser usado na remediação de outros recursos naturais.
Em ambos os casos, ela conseguiu produzir petróleo de alta qualidade e areia limpa.
Liderado por RG Bailey, engenheiro químico que atuou por cinco anos como presidente da Exxon na região do Golfo Pérsico, o CORT torna possível extrair petróleo de areias betuminosas sem usar água.
Isso significa que não há água residual e nenhum lago tóxico, ambos os quais têm sido obstáculos ambientais severos para as areias petrolíferas.
A CORT opera em circuito fechado, recuperando mais de 95% dos solventes que utiliza na extração e reciclagem. Os 5% restantes ficam dentro do óleo extraído.
Uma vez que o minério é lavado com a tecnologia CORT, a areia é remediada e se torna um solo ambientalmente limpo. E a própria terra é então viável para uso, em vez de ser transformada em um lago tóxico.
Por fim, a areia pode permanecer ou pode ser movida e vendida para gerar receita adicional.
Com a mudança climática e o foco dos fundos de investimentos ESG direcionado para investimentos em energia limpa em todos os setores, a CORT está se movendo para os holofotes com bastante rapidez, como ficou claro pela oferta de aquisição hostil.
Tales é Doutor em Economia pela UFRGS. Realiza pesquisas sobre economia institucional, macroeconomia, mercado financeiro, economia brasileira e desenvolvimento econômico, além de trabalhar com cursos de educação financeira.