Último relatório Focus do ano mostra mercado pessimista com crescimento
O Banco Central divulgou nesta segunda-feira (27/12) o último relatório Focus do ano de 2021. Os dados mostram as expectativas dos agentes de mercado para as diversas variáveis macroeconômicas.
Em linha com a tendência de piora dos últimos relatórios, os economistas das principais instituições financeiras estimaram uma piora no ritmo de crescimento econômico.
Para este ano, os agentes preveem uma alta de 4,51% do PIB. O valor é abaixo das estimativas anteriores, de 4,58% na semana passada e 4,78% há quatro semanas atrás.
Para 2022 as previsões também são mais pessimistas, e vêm caindo há várias semanas. Atualmente, os analistas enxergam um crescimento de 0,42%, ante 0,50% na semana passada, e 0,58% há um mês.
Inclusive, há instituições que preveem recessão para a economia brasileira no ano que vem.
Inflação e câmbio
Para a inflação as expectativas são um pouco melhores, mas não animadoras. Isso porque as quedas dos componentes do IPCA dão a entender que o pior já passou.
Dessa forma, as estimativas para o aumento dos preços se estabilizaram, com o mercado esperando uma inflação de 5,03% no próximo ano, e 10,02% para 2021.
Para 2022, as previsões são as mesmas já fazem um mês, enquanto que para 2021 as projeções vêm caindo (a inflação esperada para o período era de 10,15% há um mês atrás).
Outra variável que também tem apresentado estabilidade nas expectativas é o câmbio. De acordo com o Focus, é esperado que o dólar termine 2021 cotado a R$ 5,63. Para 2022, a moeda norte-americana é estimada para ficar ao redor dos R$ 5,60.
Selic
A Selic é uma das variáveis mais importantes para a determinação da direção dos mercados.
Quando há expectativas de alta, a tendência é que a bolsa de valores caia, pois isso eleva o custo de oportunidade dos investimentos, além de afetar negativamente a precificação dos ativos pelo modelo do fluxo de caixa descontado.
Conforme o relatório Focus, os agentes de mercado estimam que a Selic encontrou seu topo na faixa dos 11,50%, não devendo subir mais do que isso em 2022.
Essa previsão é a mesma das semanas anteriores, o que indica uma estabilização das expectativas.
Para 2023 temos a mesma estabilidade, com os economistas de mercado estimando uma Selic mais baixa, na casa dos 8%.
Porém, tudo isso pode mudar, uma vez que os agentes ficarão de olho na inflação dos próximos meses e seu impacto no comportamento do Banco Central.
Uma inflação melhor do que a esperada pode fazer com que as previsões para a Selic comecem a cair e, por sua vez, confirmar a recuperação da renda variável.
Por outro lado, uma inflação pior do que a esperada tende a causar o efeito contrário.
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Portanto, o investidor deverá se manter atento ao comportamento destas variáveis e das expectativas para se posicionar bem e aproveitar a volatilidade do próximo ano, que ainda contará com o fator das eleições.