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Em Xangai, Lula defende transações sem dólar no comércio global e no banco dos Brics

Por :
Reuters
Atualizado: Apr 13, 2023, 14:01 GMT+00:00

XANGAI (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira em Xangai que o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) mostra que a união dos países emergentes é capaz de gerar mudanças sociais e econômicas relevantes para o mundo e defendeu transações sem dólar no comércio global e na instituição criada pelos Brics.

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante cerimônia no Palácio do Planalto

XANGAI (Reuters) – Ao discursar na posse da ex-presidente Dilma Rousseff no comando do Novo Banco de Desenvolvimento, o banco dos Brics, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu em Xangai o uso de moedas locais no comércio global e na atuação do banco, em detrimento do dólar, em um discurso que soa bem aos ouvidos chineses.

“Hoje um país precisa correr atrás de dólar para poder exportar, quando ele poderia exportar na sua própria moeda. Os bancos centrais certamente poderiam cuidar disso”, disse Lula, no primeiro compromisso de sua viagem à China que vai até sexta.

No final de março, os governo brasileiro e chinês fecharam um acordo para deixar de usar o dólar nas operações comerciais entre os dois países, passando a operar em real e yuan, um mecanismo em preparação que deve começar para valer em julho. É um movimento que a China tem tentado fazer com outros países, especialmente do Oriente Médio, na compra de petróleo.

Lula afirmou que é necessário paciência para implementar medidas desse tipo, mas defendeu a necessidade dos países de não dependerem mais apenas do dólar.

“Eu não sei quando, porque a gente não pode ter pressa, porque em economia a gente não pode ter pressa”, disse Lula. “Se for necessário ter um pouco de paciência a gente tem que ter”, dizendo que os chineses entendem sobre paciência.

“Mas por que um banco como o dos Brics não pode ter uma moeda que possa financiar a relação comercial entre Brasil e China, entre Brasil e os outros países? É difícil porque tem gente mal acostumada.”

Lula realiza em Xangai a primeira parte da visita de Estado à China, depois de ser obrigado a cancelar a ida ao país asiático no final de março, por conta de uma pneumonia.

A posse de Dilma no NDB, cuja sede é em Xangai, representa, discursou Lula, a renovada aposta do Brasil nos Brics, o grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

A ex-presidente assume o banco em um acordo com os demais sócios que levou à troca de Marcos Troyjo, indicado pelo governo de Jair Bolsonaro, pela petista, que seguirá o mandato do Brasil à frente do banco até 2025.

Criado em 2014, durante a gestão de Dilma no Planalto, o NBD tem a função de financiar obras de infraestrutura e programas de desenvolvimento nos cinco países e também em outros países em desenvolvimento.

Em sua fala, Lula disse ainda que o NBD mostra que a união dos países emergentes é capaz de gerar mudanças sociais e econômicas relevantes para o mundo e disse que ele pode se tornar o “grande banco do Sul Global”.

Lula afirmou que o banco tem grande potencial “na medida em que liberta os países emergentes da submissão às instituições financeiras tradicionais, que pretendem nos governar”.

O brasileiro criticou ainda o Fundo Monetário Internacional (FMI) por “asfixiar” a economia da Argentina, que negocia entrada nos Brics.

“Não cabe a um banco ficar asfixiando a economia dos países como estão fazendo agora com a Argentina. E como fizeram com Brasil e todos os países do terceiro mundo que precisaram de dinheiro”, criticou Lula.

Nesta quinta em Xangai, o presidente também visitou o centro de tecnologia da gigante chinesa de telecomunicações Huawei, e teve encontros com empresários da BYD, de carros elétricos, que negocia expansão de negócios na Bahia, e com a empreiteira CCCC.

Na sexta, Lula se encontra com o mandatário chinês Xi Jimping em Pequim, no encerramento da viagem que visa azeitar as relações com o maior mercado de exportação para o Brasil e buscar novos investimentos após os anos de governo Jair Bolsonaro, de distanciamento e ataques ao país asiático.

(Reportagem Lisandra Paraguassu e Leonardo Benassatto, de São Paulo)

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